
A Colômbia está em alta entre os brasileiros, pois dá para ir além das fronteiras do país sem gastar rios de dinheiro. Porta de entrada do Caribe Colombiano, Cartagena das Índias respira história e expira calor (e que calor!!!). Com temperaturas altas durante todo o ano, não tem tempo ruim na cidade. Ou seja, dá para aproveitar as promoções de passagens e viajar quando for mais barato, sem medo de cair em uma armadilha.
Aliás, é fácil conseguir bom preço para ir para lá. Paguei R$ 1.800,00, ida e volta (saindo de BH), para passar o réveillon (2015/2016) na cidade. Mais barato que a maioria dos destinos nacionais no período.
Por isso, se joga nas dicas e aproveite o melhor do país de Gabriel García Márquez e Pablo Escobar. Aliás, ler “O Amor nos Tempos de Cólera”, de Márquez, antes de viajar, torna tudo mais interessante.
Comecemos pelo começo
Fundada em 1533, Cartagena das Índias e seus 13 km de muralha são patrimônio declarado pela UNESCO. Uma das principais portas de saída dos tesouros obtidos pela Espanha em suas colônias, a cidade foi alvo de piratas e outros bandidos. Um deles, Sir Francis Drake, permaneceu em Cartagena durante seis semanas e só saiu após pagamento de um resgate polpudo em ouro. Depois do prejuízo, a Espanha percebeu que era preciso proteger a cidade de ataques marítimos e terrestres – daí veio a muralha, que cerca o centro, e o Castillo de San Felipe de Barajas (os turistas agradecem!).

Aliás, Cartagena foi a colônia em que a Espanha mais investiu em construções grandiosas. Além da muralha, incrivelmente preservada até hoje, a cidade também é conhecida por suas casinhas coloniais, lindas e coloridas. Mas poucas pessoas sabem que, no início, elas eram, em sua maioria, feitas de madeira. Um incêndio, em 1533, destruiu grande parte da cidade e fez com que, a partir desta data, só fossem permitidas construções de pedra, tijolo e telha (os turistas agradecem novamente. Não pelo incêndio, é claro).
Se Cartagena era porta de saída das riquezas, também era conhecida por ser porta de entrada de escravos – cerca de 1,5 milhão. Para se ter uma ideia, o Brasil inteiro recebeu 5 milhões.
Denominada La Heroica por Simon Bolívar, Cartagena das Índias foi a primeira colônia a se declarar independente da Espanha, em 1810. A conquista custou a vida de mais de 6 mil habitantes que morreram de fome e de doenças durante o cerco de quatro meses imposto pelo Império. Êta povo persistente!
Mas e aí, como é lá?
Além de quente, Cartagena é linda! Cheia de turistas, a cidade “fica acesa” até de manhã. Com bons restaurantes, casas noturnas e praças movimentadíssimas, é muito difícil ir dormir cedo ou, pelo menos, sem tomar uma cerveja (mais ou menos gelada). A parte murada é super segura, só é preciso ficar atento às charretes que passam o tempo todo e dominam as ruas (até hoje sonho com o potocó, potocó, potocó dos cavalos vindo na minha direção). O chão é de calçamento de pedras – um pouco melhor que Búzios. Por isso, leve salto só se estiver pretendendo se casar na cidade ou ir no La Vitrola (no dia do revéillon, tinha um monte de paparazzi em frente ao restaurante aguardando as celebridades).

A cidade amuralhada é muito louca e antagônica. Ao mesmo tempo em que você vê alguns mendigos e muitos vendedores ambulantes, passei por umas casas inacreditavelmente chiques, daquelas que têm uma piscina no centro da sala. Muitos carros caros – e blindados – contrastam com os táxis caindo aos pedaços. Muito calor e cervejas quase sempre quentes. Enfim, só indo para entender.
Quando devo (ou não devo) ir?
Não existe tempo ruim em Cartagena. Como a cidade está próxima à linha do Equador, as chuvas são rápidas (quando ocorrem) e o sol incide sobre sua cabeça em um ângulo de 90º. Se você não gosta de calor, por favor, feche essa janela agora, pois Cartagena não é para você. Mas se você até curte um clima caliente, fique sossegado, pois, por ser a beira mar, venta muito na cidade e todos os lugares são equipados com ar condicionado.

Chega chegando
O aeroporto de Cartagena é bem pequenino, simples, e possui wi-fi liberado. Wow! Assim que você sair da sala de desembarque, vão insistir para ajudar com as malas. Não aceite. Como disse, o lugar é bem pequeno mesmo e o ponto de táxi é bem na saída. Siga para o guichê, localizado do lado esquerdo da parte de fora do aeroporto, perto da fila de táxi. Informe para que parte da cidade você vai. A moça vai te dar um recibo com o valor fixo que você deve pagar ao motorista – cerca de COP 15.000 (para Marbella deu COP 10.500). Não caia na bobagem de ir direto para o táxi. Um casal que conheci no hotel fez isso e acabou morrendo em COP 20.000.
Na hora de voltar, se o seu voo for doméstico, pode deixar para comer no aeroporto. No saguão tem Juan Valdéz e na sala de embarque tem Subway, Pizza, Kokoriko (tipo KFC), Presto (sanduíche), salgados e tapas. Além, é claro, do wi-fi. Mas se o seu embarque for internacional, é melhor garantir o café da manhã no hotel, pois só existem dois quiosques na sala.
Quanto vale o meu dinheiro?
Como na maioria dos países sul-americanos, o dinheiro da Colômbia possui muitos zeros. Mas não se assuste nem se anime. Apesar de R$ 1 valer muitos pesos colombianos (COP), a desvalorização da moeda não é muito significativa não. No geral, as coisas custam mais ou menos o que custam aqui – às vezes, até um pouco mais. Uma promoção do Big Mac custa COP 21.500 (R$ 32,25)
COP 1.000 vale, mais ou menos, R$ 1,50.

Para não se perder na conversão, tem uma regrinha que ajuda muito na hora de fazer as contas e ver se vale ou não a pena comprar aquela bolsa colombiana: divida o valor em pesos por 2, some ao valor total e ande com a vírgula três casas para a esquerda (ou, se preferir, multiplique o valor por 1,5 e divida por 1.000).
Ex: COP 7.000 = R$ 10,50
7.000 / 2 = 3.500
3.500 + 7.000 = 10.500
10.500 / 1.000 = 10,50
Para oito dias (cinco em Cartagena e três em San Andres), gastamos COP 2.600.000,00 por pessoa. Deu bem, inclusive para comprinhas básicas e idas a restaurantes mais chiquezinhos.
Eu não tenho carro, não tenho teto…
Não é preciso alugar carro para conhecer Cartagena. Aliás, não se atreva a fazer isso – o trânsito é um caos, não há onde estacionar na cidade murada e os motoristas são um tanto quanto ousados. Andar de táxi é a melhor opção. Os carros são caindo aos pedaços e os taxistas são meio sem noção, mas você paga exatamente quanto vale a experiência, ou seja, pouco! Em geral, as corridas em Cartagena ficam em COP 7.000. Como não existe taxímetro, sempre negocie o preço antes de seguir viagem!
Escolher onde ficar pode ser uma tarefa difícil se você não tem dinheiro para ficar no Sofitel Santa Clara (que hotel maravilhoso, galera! Fingi que era gringa e pedi para dar um rolê pela área comum da entrada. Sensacional!). Para nós, meros mortais, sempre bate aquela dúvida: corro o risco de pegar um hotel meio velhinho, com cheiro de mofo, para ficar na cidade murada ou evito surpresas e escolho um novo, em Bocagrande, e abro uma conta com os táxis? Admito que não tenho uma resposta certa quanto a isso, mas acabei optando por ficar fora da cidade – confira aqui onde fiquei.
Pontos Turísticos
O melhor de Cartagena é, sem dúvida, flanar pelas ruas (quentes) da cidade, observando seu povo, cores, flores e janelas – saia de trás da câmera olhe sempre para os lados, para cima e para baixo enquanto estiver andando. Mas como toda cidade turística, existem aqueles lugares “obrigatórios” para se visitar – já adianto que não fiz tudo o que o mapa manda. Escolhi só aquilo que realmente me interessava e não dava muito trabalho (não conheci nenhum ponto turístico fora da cidade amuralhada, por exemplo), afinal, estava de férias!

O que comer e beber?
Sair do país e passar os dias comendo Mc Donald´s não dá! A cultura de um povo fica muito explícita em sua culinária, por isso, confira o que de melhor Cartagena tem a oferecer a você e ao seu estômago.

Onde comer
Cartagena tem milhares de excelentes restaurantes, dos mais caros aos mais em conta, e quase tudo que comi foi delicioso! Veja onde fui feliz!
Onde se divertir
Em uma cidade que não dorme e sofre forte influência de todo o Caribe, a noite não poderia ser melhor!
Réveillon em Cartagena
Passar réveillon fora do Brasil é sempre um pouco arriscado. Afinal, para quem está acostumado a Copacabana, até a Times Square pode ser frustrante. São poucos os lugares que realmente sabem celebrar o novo ano como nós. Quando decidimos passar a virada em Cartagena, estávamos ciente do risco de entrar em 2016 comenda lasanha da Sadia – o que realmente aconteceu, mas às 7h da manhã, depois de uma noite inesquecível. O réveillon mais famoso (e caro) é do Café del Mar – quase R$ 400 o ingresso só para entrar -, mas eu realmente acho que não vale a pena. Ficamos na porta, em cima da muralha, para ver os fogos e te falo que muita gente passou a meia-noite na fila para entrar. Sem contar que lá dentro estava lotado, com gente se estapeando para comprar uma cerveja. Se você não curte passar perrengue só para postar uma foto pagação no Instagram, fuja do Café del Mar.
Decidimos passar o réveillon na rua, afinal a cidade estava lotada e tinham muitos palcos montados na praça. Para mim, o esquema seria tipo Copa, muita gente se amando, música boa tocando e todo mundo curtindo no mesmo barco. Porém, nada é como Copacabana! Em toda praça tem um show diferente, é verdade. Mas para você entrar no cercadinho e ter direito a comprar comida e bebida em qualquer bar/restaurante da cidade, é preciso pagar por uma mesa – R$ 300 por casal. Praticamente todas as ruas ficam fechadas e os bares só servem quem está na “festa”. Ou seja, cerveja só de ambulante, xixi só no banheiro público e comida só no hotel. Tudo para ser um Réveillon frustrante, certo? Certo, só que não.

Perto do Café del Mar, um pouco antes do restaurante La Vitrola, tem uma espécie de bomboniére que vende cerveja gelada e barata, alguns petiscos e te deixam usar o banheiro. Depois de sermos amassagados nas praças e de beber cerveja quente dos ambulantes, decidimos ficar por ali, aproveitando a Corona por COP 7.000, o banheiro cheiroso e o camarote VIP para ver os famosos e papparazzi que estavam no restaurante ao lado. Quase na hora da virada, o lance é ir para cima da muralha para ver os fogos – mais uma vez, não espere Copacabana. Na verdade, o show pirotécnico está mais para festa junina de clube, mas atende bem e dá para se emocionar, fazer contagem regressiva, beijar e abraçar quem estiver por perto.

De lá, já um pouco bêbados, fomos a pé para o Café Havana, junto com dois casais que conhecemos no lugar da cerveja. Saímos pela Puerta del Roloj e fomos caminhando. Os meninos comeram espetinhos de frango de um ambulante no meio do caminho, mas admito que tive medo de começar o ano com dor de barriga. Rs… A noite no Café Havana foi simplesmente maravilhosa, com direito a música dedicada a mim pela banda (leia tudo aqui), e altamente recomendável. De lá, pegamos um táxi para o hotel e, como (im)previsto, terminamos a noite comendo lasanha congelada no hotel.
Moral da história: dá para ter um réveillon feliz fora do Brasil, principalmente se o destino escolhido for Cartagena das Índias.
Passeios
Milhares de pessoas saem de Cartagena com destino às ilhas próximas que realmente fazem jus ao Caribe. Porém, como íamos para San Andres, decidi não me aventurar em nenhuma dessas “excursões”. Os passeios saem do Muelle Turístico de la Bodeguita (próximo à Puerta del Reloj). Lá você deve contratar o serviço de uma das agências de turismo – o preço não varia muito entre uma agência e outra, mas mesmo assim vale a pena pechinchar. Não precisa reservar os passeios antes . Um dia antes, vá até o Muelle e pesquise sobre os passeios e preços (e lembre-se, sempre negocie). Dentre as praias mais procuradas estão Playa Blanca e Isla del Rosario. Admito que não me arrependo de não ter feito os passeios, mas as fotos são impressionantes.
Uma das coisas que me arrependo de não ter feito é um passeio de bicicleta por Cartagena. Montei o roteiro, procurei lugares onde é possível alugar as bikes, tudo, mas na hora H, a ressaca venceu. Mas compartilho com vocês os meus planos. E, por favor, quem fizer, me conta como foi?
Onde comprar
Pedras preciosas, prata, chapéu Panamá e bolsas colombianas. O café também, é claro. Fuja das lojas para turistas e dê uma chance aos ambulantes. Prometo que você não vai se arrepender.
Importante saber
– O consulado brasileiro fica na Carrera 2, nº 41-29.
– Polícia: 112
– Emergência: 125
De viajante para viajante
Sabe aquelas dicas que só quem conhece o lugar pode dar e salvar sua viagem? Então se liga nesse potinho de ouro aqui:
– Na Colômbia, a rede elétrica é 110v e o padrão das tomadas é de dois pinos achatados e meio tortos (não se esqueça de levar um adaptador).
– O maior posto de apoio ao turista fica na Plaza de La Aduana, mas há dois menores na Plaza de San Pedro Claver e na Plaza de los Coches. Lá você consegue pegar o mapa de Cartagena gratuitamente. Se programe, pois eles fecham na hora do almoço.
– Muitos (bons) hotéis oferecem a possibilidade a pessoas que não estão hospedadas de utilizarem a área comum do local. Então, se você não teve condições de ficar em um hotel com piscina, ainda existe um jeito de dar um mergulho em alto nível (se isso é estar na pior…). O Sofitel Santa Clara e o Movich oferecem o serviço de day use (pasadía em espanhol). Não é muuuito barato, mas vale lembrar que são hotéis 5 estrelas! No Movich, por exemplo, o day use custa COP 110.000 por pessoa, sendo que COP 100.000 são consumíveis. Em dias insuportavelmente quentes, o investimento pode valer a pena.
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