Famosa pelo carnaval, Chica da Silva e, é claro, pelos diamantes, Diamantina guarda um tesouro ainda maior. A Vesperata, realizada de abril a outubro (dois sábados por mês), é uma das atrações mais encantadoras que já presenciei no Brasil.
Pense em uma rua – ok, um morro meio desnivelado – rodeada por construções antigas onde, em cada varanda, um músico toca canções conhecidas por toda gente? É uma experiência de som surround potencializada a mil. O que é 5.1?? Ali, a sensação ao se fechar os olhos é de 10000.1. Sons vindos de todos os lados, muitos instrumentos ao mesmo tempo. Uma coisa de louco – um louco muito afinado e de bom gosto.
Para quem acha que na Vesperata toca apenas músicas caretas e de igreja, sinto decepcionar. Neste ano (2016), rolou até Cheia de Manias, do Raça Negra. Tudo muito moderno. Rs… O repertório é bem eclético, vai de Peixe Vivo a Tim Maia. Todos os músicos, da PMMG, são orquestrados por um maestro, que fica no centro da rua, bem no meio das mesas.
Ao contrário do que imaginei, o público da Vesperata não é formado apenas por velhinhos não. Concordo que não é o lugar mais adequado para os jovens paquerarem, mas também não é um asilo. As pessoas que vão às apresentações têm, em média, 50 anos. Está bom, vai!
A Vesperata
A Vesperata, vesperata mesma, é realizada no sábado, na Rua da Quintanda, às 21h. A apresentação dura cerca de 1h30, mas antes, tem uma banda de samba super legal, com pandeiro, cavaquinho e violão.
Antes de começar de verdade, atores, representando Chica da Silva e seu marido, aparecem em uma das sacadas, cumprimentam o público e depois passam nas mesas para tirar fotos. Morro de vergonha desse movimento e, graças a Deus, minha mesinha foi ignorada pelos personagens.
A rua fica toda iluminada para receber os músicos, que tocam das varandas dos prédios históricos. Todos os edifícios da rua são tomados pela banda. Uma coisa linda de se ver. Fique de olho no cara dos pratos. É muita tensão ficar na dúvida se o instrumento vai ou não cair em cima das pessoas.
Antes de cada música, o locutor faz uma breve explicação do que está por vir, contextualizando o momento histórico em que a canção foi composta, a trajetória do intérprete/autor, etc. É legal, pois você fica sabendo curiosidades que talvez nunca fosse procurar no Google.
As mesas são servidas pelos bares ao redor. Cada área é de um restaurante diferente. Fomos atendidos pelo Esquina da Quintanda. O menu era bem enxuto – batata frita, pastel, tábua de frios e caldos – e um pouco caro. Porção com dez pastéis pequeninos custava R$ 20. Sem contar que, devido à grande demanda, a comida demorava horrores. Em uma hora e meia, conseguimos comer apenas duas porções, tamanho foi o tempo de espera. As bebidas estão na média de preço – Heineken a R$ 10 e vinhos (Santa Helena e Gato Preto) a R$ 62. Você até pode levar seu aperitivo, mas eles cobram R$ 70 da rolha.
As mesas ficam no centro, em uma área cercada por cordas. Cada entrada dá acesso a um número de mesas. Porém, para quem não quer pagar ou não conseguiu encontrar vaga, sempre existe a opção de ficar nas laterais, em pé ou sentado no meio fio. Muita gente faz isso e os bares também atendem quem está fora da “área VIP”.
A mesa para quatro pessoas custa R$ 160 e só pode ser comprada pela agência Minhas Gerais.
Programação
Apesar da grande estrela ser mesmo a Vesperata, nos finais de semana de apresentação, outras atividades também acontecem na cidade.
Na sexta-feira, uma Seresta percorre as ruas da cidade e rola apresentações musicais no Mercado Velho.
No sábado pela manhã, a Feira de Artesanato movimenta o Mercado Velho, com música ao vivo, cerveja e muitas barraquinhas.

No domingo, o coral se apresenta e uma das igrejas de Diamantina e o Café no Beco recebe o Sarau da Arte Miúda.
Dá para se divertir todos os dias.
Hospedagem
Achar um bom hotel para ficar, durante a Vesperata em Diamantina, pode ser uma tarefa difícil. Afinal, não existem tantas boas opções como em Tiradentes, por exemplo, e a cidade fica abarrotada de turista. Por isso, a dica é reservar o quanto antes sua hospedagem para não correr o risco de não encontrar onde ficar ou sobrar um hotel não tão bom, como aconteceu com a gente.
Diamante Palace Hotel (Av. Silvio Felício dos Santos, 1050 – Bela Vista)
Esse hotel está bem longe de ser ruim, mas também não está muito próximo de ser bom. Localizado, praticamente, na estrada, ele acaba sendo bem barulhento. Não só pelo barulho dos carros (tocando funk), mas também pelas paredes muito finas e conversa das camareiras. Sério, a conversa no corredor, de manhã, é muita e incômoda. Sem contar que o quarto tem aqueles “controles” na parede, iguais de motel, o que ajuda a ouvir tudo, T-U-D-O, que está acontecendo no quarto ao lado. Barulho, realmente é um problema nesse hotel.
Os quartos têm um tamanho bom, porém são antigos – móveis, cortina, etc. Possuem frigobar vazio e TV por satélite. Como não tem blecaute na janela, a claridade acaba entrando cedo e dificultando aquela dormida até tarde. O colchão é bom, mas, no meu caso, eles juntaram duas camas de solteiro, colocaram uma espuma na divisa, e “venderam” como quarto de casal.
O banheiro é bem antigo, com box de plástico e pia sem bancada. O chuveiro é elétrico, mas bom. Por causa do encanamento antigo (acho eu), o banheiro tinha um cheiro forte de esgoto.
Os funcionários são muito atenciosos e se oferecem para ajudar o tempo todo. O que é bom, já que o hotel não tem elevador e os quartos ficam nos andares de cima. O café da manhã é bem gostoso! Sempre tem um caldo, ovos, pães, bolos, frios e frutas. Não é a maior diversidade que vi na vida, mas é um dos melhores em qualidade. O hotel oferece estacionamento gratuito.
Conclusão: é ok. Um pouco caro para o que oferece (R$ 250 a diária), mas se for sua única opção, vá sem medo. Se puder escolher, sugiro a Pousada do Garimpo, que me disseram ser excelente.
Pontos Turísticos
Eu não zerei o mapa de pontos turísticos de Diamantina, mas consegui conhecer alguns deles, bem legais.
Mercado Velho
Bem na praça principal, o Mercado é ponto de encontro. Na manhã de sábado, funciona como uma feira com artesanato, compotas e verduras. Além de barraquinhas de bebida e comida. À noite (pelo menos na sexta em que fui ao Mercado), de baixo da estrutura, bares dominam o espaço. Mas é no sábado de manhã que a coisa pega mesmo.
Passadiço da Glória (R. da Glória, 298)
As casas que hoje pertencem à UFMG, já funcionaram como convento e orfanato. Para evitar que as freiras atravessassem a rua e chamassem a atenção de rapazes espertos, foi construído o Passadiço, que liga uma casa a outra, por cima.
O local é aberto a visitação – gratuita -, mas como era preciso subir muitas escadas, abortamos o passeio por dentro (estávamos com meus avós). Mas a foto clássica foi tirada com maestria. Rs…
Casa de Juscelino (R. São Francisco, 241)
A casa que foi lar de Juscelino Kubitschek durante a adolescência, é hoje um museu dedicado ao ex-presidente. Nas salas, fotos e documentos que contam a história do mineiro que nasceu em Diamantina. Em uma das paredes está escrita a receita de Xico Angu, prato preferido de Juscelino.
A entrada custa R$ 5,00. O museu é simples, mas legalzinho. Para mim, a melhor parte é o jardim dos fundos, muito bem cuidado, que tem um pé de jabuticaba com a placa “À sombra desta Jabuticabeira o menino Juscelino brincava e se empanturrava de jabuticaba”. Ah, menino levado. Hahaha..
No subsolo, funciona o Bar do Nonô, mas não cheguei a consumir nada por ali.
Passeio a Biribiri
Uma das casadinhas que a maioria dos turistas faz é combinar o passeio por Diamantina de manhã com passeio à vila de Biribiri.
O parque fica a 26 km de Diamantina, mas a viagem demora uns 40 minutos, pois a estrada é de terra e ruim. A Vila de Biribiri foi construída em torno de uma fábrica têxtil, que aproveitava a queda d’água para gerar energia. Os funcionários moravam ali, onde foram construídas escola, igreja e as casas. Com o fechamento da fábrica, a sobrevivência da vila de Biribiri acabou ficando restrita ao turismo. Que bom!
Nas redondezas existem muitas trilhas e cachoeiras, mas como estávamos com os meus avós, nos limitamos a almoçar por lá.
O lugar é super bucólico, calmo e lindinho. As mesas ficam sob as árvores e a comida é super gostosa – almoçamos no Restaurante do Raimundo sem Braço. Pedimos um frango com quiabo, que veio acompanhado de arroz, feijão e angu. De sobremesa, doce de leite com queijo e bananada. Para beber, cerveja e uma jarra de suco de maracujá. Não sei o valor total da conta, porque quem pagou foi meu pai, mas não deve ter ficado muito caro não, pois o frango custava em torno de R$ 40.
Que tal conhecer Diamantina (e todos os outros lugares) de uma maneira diferente, prática e personalizada? Veja como o Por Ceca e Meca te ajuda a transformar sua viagem em uma experiência incrível.